segunda-feira, 23 de junho de 2014

I must be dreaming.

Lembra daquela história de não querer me envolver? Bem, te aviso de antemão que não deu nada certo.

Saí da casa de Josh com o dia amanhecendo e o maior dos sorrisos no rosto. A cada beijo eu sentia que me apaixonava mais por ele. A cada segundo a minha vontade de voltar pra casa diminuía. Só o que eu queria era que nós pudéssemos parar o tempo . Tentei entrar no apartamento escuro, iluminado apenas com a luz da tv ligada, sem fazer barulho mas acabei acordando Charlie que estava adormecida no sofá
- Ally? Que horas são? – ela disse quase sem abrir os olhos, procurando o seu celular que provavelmente estava perdido entre o estofado e seu cobertor.
- Cedo. Cinco e alguma coisa. – larguei o cardigã emprestado sobre a mesa da cozinha, ainda com um sorriso no rosto só de lembrar das últimas horas.
- E você só chegou agora? – Charlie agora se sentava, visivelmente mais acordada. Não existe nada que a desperte mais fácil do que uma fofoca. Juro que eu queria dizer alguma coisa mas eu não conseguia formular uma frase descente. Só suspirei e continuei sorrindo. – Espera aí... Espera aí... DE QUEM É ESSE CARDIGÃ? PORQUE VOCÊ NÃO PARA DE SORRIR? ALLISON ROSE O’CALLAGHAN VOCÊ PEGOU AQUELE DEUS?
Sutil.
Tudo o que consegui fazer foi cobrir meu rosto com as mãos e saltitar como uma menininha. Tão patético. Os efeitos de Joshua sobre mim eram absurdamente fortes, nunca tinha ficado desse jeito só por ter beijado alguém e Charlotte sabe muito bem disso, ainda mais que nos conhecemos desde que tínhamos seis anos de idade.  Sabe aquela coisa de amor a primeira vista? Talvez não seja balela.

E o tempo insistiu em continuar passando, mesmo com meu coração desejando tê-lo parado naquela mesma noite (madrugada?) da festa.  Agora além de nos falarmos o dia inteiro, sempre tentávamos nos encontrar nem que por alguns breves minutos. Antes dele entrar para uma reunião, no intervalo das minhas aulas de teatro, dividindo aquela nossa mesa no café logo cedo. Mesmo os encontros mais rápidos pareciam durar horas.  Joshua e seus efeitos.  E nós passávamos mais tempo juntos do que separados, na verdade. Cozinhando, ouvindo música, vendo filmes ou séries largados no seu sofá gigantesco ou apenas aproveitando a presença um do outro.
Estava deitada com minhas pernas sobre as dele e as costas no canto do sofá em L. Josh brincava com a barra da minha calça jeans enquanto víamos um episódio repetido de Friends na televisão. Eu assistira aquele episódio tantas vezes que já havia decorado todas as falas – não estou nem brincando – mas isso não me impedia de rir das piadas como se fosse a primeira vez que as ouvia. Decidira participar de um teste para uma sitcom que seguiria o mesmo estilo da série que assistíamos, então decidi que tentaria absorver o máximo das atuações de todos aqueles atores que eu tanto gostava.
- Você é tão adorável. – adorável mesmo era o jeito que ele falava – É tão bom te ter aqui. – ele dizia se apoiando no sofá para me beijar – Você bem que podia se mudar pra cá né. Não iria nem reclamar.
Aqueles olhos enormes a poucos centímetros dos meus, aquele sorriso bobo que tinha nos lábios, algumas mechas de seu cabelo acertando seus cílios escuros. Tudo era tão perfeito, quase como se eu estivesse sonhando. Melhor do que um sonho, aquilo era real.
- Você não acha que talvez seja cedo demais Josh? – envolvi meus braços em seu pescoço, sorrindo antes de beijar a ponta de seu nariz fino.
- Talvez – me respondeu rindo e se sentando ao meu lado – É que você já passa tanto tempo aqui que só precisava trazer mais algumas roupas pra cá e seria oficial.
- Um dia, – seu rosto se iluminou antes mesmo que eu terminasse a frase – quem sabe. Enquanto isso eu venho aqui o tempo todo pra te encher. – disse me apoiando em meus joelhos sobre o estofado e pulando sobre Joshua, deitando sobre seu peito.
Eu sei, tão fofos que da enjoo. Juro que até eu fico com um tanto de ânsia de lembrar. É cafona dizer essas coisas mas eu nunca me sentira tão viva e tão inteira antes de conhece-lo. Aquela sensação de se estar na hora certa, no lugar certo. Eu poderia ficar daquele jeito pro resto da minha vida, apenas deitada sobre o peito de Joshua, ouvindo seu coração enquanto seus dedos sumiam no meu cabelo. Apenas mais uma tarde preguiçosa de Domingo. O amor tem dessas. E por falar em amor: Alguns dias depois da proposta de mudança de apartamento, eu havia dormido por lá e acordei tarde sentindo os olhos de um certo alguém me observando.
- Bom dia príncipe – soltei abrindo preguiçosamente os olhos.
- Bom dia minha princesa. Boa tarde praticamente, é quase meio dia. – riu enquanto apoiava a cabeça sobre uma das mãos e seu cotovelo sobre o colchão. A visão dos músculos de seu braço tencionado era uma boa forma de se acordar, tenho que admitir.
- E você acordou agora? Que milagre é esse? – Joshua era tão pontual que acordava cedo mesmo nos fins de semana ou feriado, não importava a que horas tinha ido dormir. A cama estava tão confortável que nem consegui pensar em me levantar, apenas rolei para seu lado e me apoiei igual a ele.
- Que nada, estou acordado desde às oito. Perdi o horário. – ele sempre acorda às 7 na verdade. Realmente eu queria ter esse despertador interno que ele tem, nem despertadores reais funcionam bem comigo – Preparei até um café da manhã pra você. Fiz panquecas. Tentei na verdade, – o tom de riso na sua voz era tão incrível – mas você dormiu tanto que agora elas já devem estar congeladas.
- É só esquentar um pouquinho no micro-ondas e nós transformamos o café da manhã em um brunch. – me estiquei um pouquinho para alcançar seus lábios e larguei um beijo delicado por lá. Josh era perfeito em tantos aspectos que até hoje eu tenho minhas dúvidas sobre se ele é realmente um ser humano. Foi aqui que, depois de soltar um suspiro e voltar a me observar por alguns segundos, Joshua me disse:
- Eu te amo tanto.
Ele nunca havia dito aquilo. Nunca. Eu sentia cada centímetro do meu corpo estremecer. A sua voz rouca, os olhos doces, o sorriso infantil no rosto, os cabelos pendendo para o lado. A expressão no seu rosto era completamente nova para mim. Não era o garoto confiante que pediu permissão para se sentar comigo na cafeteria. Não era nem de longe o semblante preocupado do nosso primeiro beijo. Era como se tudo nele brilhasse. Aquela luminosidade do rosto de uma criança numa manhã de natal, quando ela desembrulha seu presente e encontra aquilo que desejara um ano inteiro.
- Josh...
- Te peço agora que não fale nada até que eu complete meu pensamento porque eu acho que posso não ter outro momento como esse ok?  Eu te amo Allison. Eu estou abaixando todas as minhas defesas. Até tentei me convencer de que não te amava mas eu simplesmente não consigo, Ally. Eu sei que a vida nunca é exatamente como a gente deseja, sei que tudo um dia acaba, sei que sempre existe a chance de que um dia você vai acordar e ver que eu sou um babaca, sei também que eu posso estar falando isso cedo demais e que você vai rir da minha cara e ir embora mas eu preciso dizer isso. Eu não estou na posição de simplesmente fingir que não te amo, porque é mais pura verdade. E eu te amo Allison. Eu quero gritar isso lá do terraço. Quero que o mundo inteiro saiba que eu estou apaixonado pela garota mais linda, inteligente, engraçada e sexy desse mundo inteiro. Sinto muito se o sentimento não for recíproco mas saiba que não existe absolutamente nada nesse mundo que você possa fazer ou falar que mude o que eu sinto por você e isso é definitivo.
Tem uma cafeteria lá no meu trabalho. Tem uma maquina de café muito boa na minha sala e ainda assim eu decidi que queria tomar café naquela cafeteria de esquina. Eu não sei nem como explicar o quão grato eu sou por isso. Sinto que eu te amava antes mesmo de te conhecer Ally, ainda que eu só tenha chegado a essa conclusão enquanto te via dormir essa manhã. Eu te amo Allison. Eu te amo mil vezes mais do que eu já amei alguém e milhões de vezes mais do que qualquer cara que um dia pensou em te amar. Eu amo sua risada, sua voz quando acorda, suas camisetas de bandas, sua mania de sempre tentar me deixar feliz. Amo seus olhos verdes, amo cada fio do seu cabelo e cada sarda dessas tuas bochechas. Eu amo o gosto dos seus beijos, o seu perfume, seu senso de humor, o som dos seus pés descalços pelo meu apartamento, a sua persistência e seu amor por tudo que faz. Eu amo a textura da sua pele, amo o fato de você se dar bem com todos os meus amigos, amo sua mania de arrumação e o formato do seu rosto. Eu amo cada detalhe seu, Allison. Eu te amo inteira. Eu te amo como nunca vou amar mais ninguém.

Eu não conseguia nem respirar direito depois de tudo aquilo. Então aquela expressão era sua cara de “perdidamente apaixonado”, aparentemente. Aquele sorriso continuava em seus lábios enquanto parecia mal respirar enquanto eu não dissesse se correspondia seus sentimentos. Eu sabia desde pouco antes da festa que estava me apaixonando mas não tinha a menor ideia de quão longe estávamos. Cada pequena parte do meu ser era dele e apenas dele e foi naquele momento que eu me dei conta disso. Eu nunca me apaixonara tão profundamente e tão rapidamente quanto por ele e tudo me parecia tão certo que me senti ridícula por não ter entendido antes. Como não conseguia pensar direito e nem de longe tão boa com as palavras quanto Joshua, me limitei a cruzar a distância entre nós dois e depois de passar uma perna de cada lado de seu copo agora completamente deitado, o beijei com uma paixão que ainda desconhecia. Depois que rompi o beijo, ofegante apoiei minha testa na dele, ainda com os olhos fechados e disse:
- Espero que isso responda suas dúvidas.


É. A ideia de não se envolver não deu certo mesmo.

Por Mariana J.

n/a: 1- Mais uma parte da história do meu casal preferido! E caso você ainda não conheça, aqui estão a primeira e segunda partes, 2- Como todos os textos sobre o Josh e a Ally até agora, o título desse também é uma música que você pode conferir aí embaixo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário